Por que eu não tenho um(a) namorado(a)?

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Algumas pessoas lhe perguntam: “e aí, está namorando?” Como se isso dependesse apenas de uma decisão de dizer: “eu vou, eu quero namorar”. E, no dia seguinte, estará tudo pronto, você e a outra pessoa estarão se amando lindamente.

Algumas coisas são decisão, por exemplo, você diz “quero passar em um concurso”. Então, você estuda, se esforça, e passa (ou não). Você diz: quero trabalhar, então, envia o currículo, faz a entrevista, e “entra na vaga” (ou não). Se você tem dinheiro e decide comprar um carro, você pode sair de casa e, no mesmo dia, comprar o carro, isso, sim, é possível. Nem a admissão ao concurso é tão fácil assim e nem o emprego é tão fácil assim. Quantas pessoas estão desempregadas, embora tenham experiência, bom currículo, cursos etc.? Mas estão desempregados por força do mercado, da diminuição da empregabilidade, da saturação daquela área de trabalho, etc. São “ene” fatores que não dependem só do interesse, da capacidade, da boa vontade da pessoa, mas de circunstâncias externas.

Para namorar, não dá para dizer assim: “bom, vou ali, no supermercado, escolher uma namorada!” Daí você vai na seção de nacionais, ou importados, e escolhe “à vontade”, todos os tipos, formas, tamanhos, cores, sabores… etc. Não é assim, nem mesmo semelhante a se apertar uma tecla no computador para a namorada se materializar… Só na ficção isso ocorreria.

A vida é um continuo, uma sucessão de fatos, acasos, encontros e há a Providência Divina agindo no meio de tudo isso.

A sociedade, de certa forma, cobra uma postura: “e, aí? Com esta idade, não vai se casar?” Para as mulheres, então, dizem: “se você chegou nos 30, e não se casou, não se casa mais”. Como assim?!

O tempo (o Kairós) é individual, não dá para aplicá-lo igualmente para todos. As amigas que se casaram na casa dos 20, ou antes, e têm filhos, esse foi o tempo delas. Cada um tem o seu tempo, o seu momento, diante de Deus. A vida não é determinada pelo mesmo movimento: crescer, cursar uma faculdade, casar-se, gerar filhos etc. A verdade é que há uma construção social nisso. Não existe o “natural”; o que há é o socialmente construído. Se há alguma coisa “natural”, essa é só uma: o querer de Deus, que é diferente e específico para cada pessoa. Uma mulher aos 40, ou mais, vem a se casar e ser muitíssimo feliz, amada, realizada. A vida do outro e o tempo do outro não são parâmetros aos demais. O Kairós de Deus é que determina aquilo que não está em nosso controle.

E por que você não está namorando? Vamos pelos fatores mais comuns; enumeremos alguns:

1. Cadê a pessoa para namorar?

2. A pessoa que me quer eu não quero, e vice-versa.

3. Houve uma tentativa de aproximação, mas não “bateu”, pensamos muito diferente. Nos encontramos, mas não “rolou química”. Não era aquilo que imaginávamos.

4. Iniciamos, mas depois percebemos que…

5. Etc. etc.

Penso que a melhor resposta para quem está solteiro(a) seja dizer: Estou aguardando em Deus. Estou esperando nEle. Pronto, resolvido!

Você pode ser belo(a), bem posicionado(a) financeiramente, com casa, carro, com “tudo certinho”, tudo pronto para encontrar a pessoa amada, mas não dá para você chegar da janela (como mostrou uma publicidade) mirar numa pessoa e dizer “ei, sim, é com você mesmo, quer casar comigo?”. E aí você joga a aliança e pronto! E vão para a igreja se casarem! Um conto, uma fábula, não?

Como explicar aquilo que é inexplicável? E como explicar o Kairós de Deus, que é inexplicável?

Se você não está namorando com alguém é porque ainda não aconteceu, certo? Porque Deus não mandou, certo? E você está tocando sua vida. Vivendo um dia de cada vez. Sem desespero, sem estresse, sem achar que vai ficar solteiro(a) para o resto da vida.

Aquele papo todo de “fazer a sua parte”, de “procurar um(a) pretendente em lugares certos”, enfim, você já sabe. Agora, como se diz comumente, “deixa rolar”, vai caminhando.

Ter ousadia também não faz mal. Se ambos sinalizaram que estão interessados em conhecerem-se melhor, convidem-se para um programa a dois. Fiquem de frente um para o outro e conversem. Na pior das hipóteses, serão amigos. Que coisa pouca, não é?

É preferível você passar pela experiência de não vingar um namoro, depois de uma pizza, ou de uma comida japonesa, do que você entrar como um “kamikaze” numa relação, pular etapas, “estragar tudo”, não dialogar, ser guiado(a) pelo desejo etc. e perceber, em pouco tempo, que vocês não têm nada a ver um com o outro. Que tudo não passou de um equívoco! E pior, nem amigos continuarão a ser, porque “a coisa azedou de tal forma”, que machucou a ambos.

Com este artigo não pretendi escrever um manual de “como esperar o seu ‘José’, ou e a sua ‘Maria’”, e muito menos pretendi trabalhar com hipóteses e situações para analisa-las uma a uma. Mas também não poderia terminar esta pequena reflexão a não ser com esta passagem: “Põe no Senhor tuas delícias e ele te dará o que seu coração pede. Entrega ao Senhor o teu futuro, espera nele, que ele vai agir” (Salmo 37,4-5).

THIAGO ZANETTI