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Não se deixe levar pela onda, procure a voz do Altíssimo que se mostra nos detalhes, nos corações pequeninos
A ideia de que a maioria decide, de que a “voz do povo é a voz de Deus” nunca funcionou para os textos Bíblicos.
Na Bíblia, pelo contrário, as vozes da maioria, a opinião das multidões, sempre estiveram erradas, e conduziram para ações contrárias ao querer de Deus.
Realmente, Deus sempre chama os pequenos, a minoria, para confundir a maioria – os maiorais –, para confundir os sábios. Disse Jesus: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25).
Os excluídos, as pessoas sem voz e vez, no plano de Deus, como nos mostram os textos bíblicos, sempre são aqueles que apontam para o projeto de Deus, são os que possuem uma palavra de esperança.
Para citar um exemplo, no tempo de Noé a maioria não acreditava em suas palavras proféticas, de que Deus inundaria o planeta, a fim de purificar a terra de toda a perversão praticada pelo homem. Noé, sua família e amigos não eram a maioria, eram a minoria. Portanto, a minoria, nos relatos bíblicos, sempre contém os que possuem a palavra da verdade.
Ir na onda da maioria pode ser perigoso. Se formos na onda daquela maioria que gritou pela crucifixão de Jesus, daqueles que apoiaram o Nazismo, o comunismo ateu, que reverenciaram ditadores, enfim, estaremos cometendo tremendos equívocos.
Acontece que a opinião da maioria exerce grande influência sobre nós. Mesmo que tenhamos uma opinião formada sobre determinados assuntos, somos influenciados. Posso citar um exemplo significativo: as pesquisas de opinião publicadas em eleições. O fato de uma pesquisa apontar que x% do eleitorado votaria no candidato y, provoca em nós, grande influência.
Quando a maioria pensa de uma forma, quando seus participantes possuem determinados comportamentos, é difícil evitar a teia da influência – difícil, pela força que exerce, mas não impossível, evidente. E várias razões podem ser levantadas: tememos a exclusão social, a rejeição, a punição e, por isso, não nos mantemos em nosso ponto de vista. Pulando de lado, coadunamos, aceitamos certos tipos de comportamentos e pensamentos que nos parecem duvidosos. Até os fortes se deixam influenciar, quanto mais os mais fracos, aqueles desabrigados da oração e de convicções cristãs fortemente arraigadas.
Neste mundo, nós, cristãos, remaremos sempre contra a maré. Seremos sempre perseguidos e ridicularizados, não o digo em praça pública – esse tempo espero que tenha passado –, mas vários outros tipos de perseguições são praticadas: um olhar indiferente, um riso debochado e um não ser convidado para determinados projetos, enfim.
A voz dessa maioria forma como que uma nuvem suspensa no ar e influencia os nossos pensamentos e coração.
Não se renda à opinião, à voz, ao burburinho, ao movimento da maioria quando essa estiver errada.
Uma boa alternativa é soprar essa nuvem espessa, não detendo os olhos e a atenção nela. Se não o fizermos, corremos o risco de ficarmos paralisados.
Sempre há uma brecha e outro algo para se nele deter, para se olhar.
Deus sempre estará por perto em nossas decisões, a fim de nos apontar o caminho.
No exercício de nosso discernimento natural, o Discernimento dos Espíritos também nos ajuda a escolher o melhor caminho.
Na caminhada da vida, sempre haverá dois caminhos, um que aponta, que nos leva para o bem e outro que conduz para o lado oposto, para o mal.
Existem brechas, saídas, você só precisa olhar para os detalhes, para a voz da minoria, desde que essa esteja, evidentemente favorável com o projeto cristão.
Olhe para dentro de si mesmo, consulte o Amor que habita em você e, pergunte o que Ele acha de determinada coisa.
Droga, sexo, moda, violência, casamento, namoro, trabalho enfim, no seu íntimo traga um tema com que seja difícil de se lidar, e consulte a única Voz da razão: a Voz de Jesus Ressuscitado que ecoa dentro de você.
Basta silenciar, consultar e, em seguida, agir.
Do seu irmão,
THIAGO ZANETTI