Só a graça nos basta

Só a graça nos basta

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Eu havia escrito no início de um outro artigo: “A sociedade está doente. Era para ela ser o celeiro do amor, mas não está sendo; por isso se entristece, padece física, psíquica e, principalmente, espiritualmente”.  A causa do sofrimento é o não-amor. Em sua Carta São João nos revelou que “Deus é amor” (1Jo 4,8).

Se você perguntar a Deus o porquê de o mundo sofrer tanto, acredito que Deus dirá que sofremos porque não amamos. E, Deus, na sua razão, pode dizer – e nos diz a toda hora, a todo instante na Bíblia, em nossos corações: “Seja como Eu sou”. Ser como Deus é, é ser, em primeiro lugar, amor; depois ser alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio, como nos diz São Paulo na Carta aos Gálatas 5,22 detalhando os atributos do fruto do Espírito Santo. Existe um movimento mundial que procura barrar e acabar com esses frutos, conhecido como Nova Era.

Eu não tenho dúvida de que por detrás de cada gota de maldade espalhada pelo mundo existe uma arquitetura do mal. Quem arquiteta todas essas maldades é o que a Bíblia chama de diabo, o opositor. Em Mateus 4,1 se lê: “Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito, para ser posto à prova pelo diabo”; “O inimigo que semeou o joio é o diabo” (Mt. 13,39). Não há dúvida, o inimigo tentou o próprio Jesus, o Filho do Homem; esse tentador foi quem semeou o joio, a discórdia, a maldade na terra e em nossos corações; é certo, também, que nossa concupiscência e aceitação contribuem para a efetivação disso.

Se você quiser o fruto do Espírito, prepare-se para as tentações. Assim como o inimigo tentou Jesus, também tentará a todos aqueles que, por livre vontade, procuram se assemelhar a Jesus.

Nós temos Maria como uma grande vitoriosa sobre os planos do maligno; ela pisou a cabeça da serpente e tem o inimigo a seus pés, já derrotado. A Mãe pode contra o mal. Peça à Mãe para você e a toda sua família, a proteção contra as “ciladas do diabo” (cf. Ef. 6,11).

O que Deus mais quer é que nós nos assemelhemos a Ele. Agindo assim, não precisaremos nos preocupar com o mal, com o opositor. A graça de Deus é maior do que tudo; a graça de Deus é maior do que eu, do que você.

O Catecismo da Igreja Católica define a graça das seguintes formas: “A graça é o favor, o socorro gratuito que Deus nos dá, para responder a seu convite: tornar-nos filhos de Deus, filhos adotivos, participantes da natureza divina, da Vida Eterna” (n. 1996); “A graça é uma participação na vida divina; introduz-nos na intimidade da vida trinitária” (n. 1997). O Catecismo diz ainda que “A graça de Cristo é dom gratuito que Deus nos faz de sua vida infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-la do pecado e santificá-la […]” (n. 1999).

“Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova. Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo” (2Cor 5,17-18).

Diz o Catecismo:

A graça santificante é um dom habitual, uma disposição estável e sobrenatural para aperfeiçoar a própria alma e torná-la capaz de viver com Deus, agir por seu amor (n. 2000). Sendo de ordem sobrenatural, a graça escapa à nossa experiência e só pode ser conhecida pela fé (n. 2005).

Nossa Senhora, como nos mostra a Palavra de Deus, era repleta da graça de Deus: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo” (Lc 1,28).

São Paulo, na Segunda Carta aos Coríntios, nos relata o que ouviu do Senhor: “Basta-te a minha graça…” (2Cor 12,9).

Como é possível entender que apenas a graça de Deus nos basta? A graça de Deus nos recobre, protege-nos, ensina-nos e santifica-nos. A graça de Deus bastou ao seu Filho no deserto, quando Ele foi tentado pelo opositor. A graça de Deus foi o que sempre bastou a Paulo em meio a suas diversas e diárias tribulações e tentações.

A graça de Deus nos basta!

THIAGO ZANETTI