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Este texto aborda a superação da tristeza, à luz das Sagradas Escrituras. Tal sentimento é inerente à condição humana, no entanto, permanecer mergulhado no sentimento de tristeza pode ser um perigo. No âmbito das Sagradas Escrituras, recorremos ao livro dos Salmos, a Carta de São Paulo aos Filipenses e ao Cântico de Maria, escrito pelo evangelista S. Lucas, para exortar o homem, o fiel, o crente, a buscar a alegria; achá-la, só é possível encontrando-se com Deus. Outro passo importante é recorrer à Maria, a Rainha das alegrias.
A tristeza é um sentimento recorrente em todos os seres humanos. Senti-la, por vezes, não é o problema, faz parte da condição humana decaída, deste homem vilipendiado pelo pecado original, portanto, fora da sua total inteireza que estava outrora diante de Deus, no Éden. O alerta é que o homem não seja tomado por pensamentos, sentimentos, emoções negativas que o definham e, por vezes, o paralisam. Neste texto, propomos uma superação – um livrar-se – da tristeza e não ser consumido por ela. E como se dará isso? Aproximando-se do Criador, valendo-se das palavras de ordem com que Deus nos instrui em Sua Sagrada Palavra.
A tristeza
A tristeza é inerente à condição humana, um estado de insatisfação, de chateação, de descontentamento diante de problemas e situações que se apresentam a nós, tais como, desemprego, morte, término de um relacionamento (namoro) etc. Falaremos da tristeza que nos acomete por algum período – não muito longo –, que aparece algumas vezes no dia, ou que, intercaladamente, se estende por algumas horas num dia ou vários dias ou semanas, num movimento pendular, hora mais, hora menos triste. Nesse primeiro momento vamos descartar aquela tristeza (mais profunda) que dura meses a fio (embora demos algumas dicas de superação abaixo); anos; essa deve merecer cuidado especial – um tratamento com profissionais da área da saúde, aconselhamentos de padres, de pessoas com alto grau de capacidade técnica e/ou emocional e experiência de vida.
O Dicionário básico de filosofia (Zahar, 2008), de Hilton Japiassú e Danilo Marcondes, define a tristeza como “Estado afetivo duradouro em que a consciência se vê invadida por um doloroso sentimento de insatisfação, sendo acompanhada de uma ideia de desvalorização da existência e do real…” [grifo nosso].
Apoiemo-nos no referido Dicionário. “Estado duradouro”. Tudo bem, sentir tristeza por “isso” ou por “aquilo” é normal, é da condição humana; não somos anjos, mas humanos. Se ela – a tristeza – ameaçar a nos avizinhar e nos adentrar à porta do coração, meio que invadindo, procure retirá-la o mais breve possível, para que ela não vá minando suas forças, deixando-o mais cabisbaixo; para que ela não o mergulhe naquele “poço de sofrimento depreciativo” – alguns parecem que apreciam estar por lá, mas você não! Você é filho, filha de Deus, alguém de coragem e atitude e não vai se deixar (não pode!) ser tomado por ela. Se não conseguir expulsá-la de uma vez, vá retirando-a do seu interior progressivamente. Mas como? Não dando “bola” para as agruras, os infortúnios… Não se revista de “pobre coitado”, porque a tristeza nutre-se disso também, para ganhar força. A coisa já aconteceu? Eclodiu? Agora, a questão é a superação! Olhe para frente! “Bola pra frente”, como se diz!
A superação da tristeza
Voltemos mais uma vez ao Dicionário básico de filosofia: “desvalorização da existência”. Não faça isso com você mesmo. Não se desqualifique, não se acoite, não se maltrate.
Em vez de ficar pensando em absurdos e procurando motivos para ficar cada vez mais para baixo, faça o que sugere S. Paulo:
Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos [grifo nosso] (Fl 4,8-9).
Aí, alguém diz: “não é fácil. Você não está levando em consideração a minha dor, a minha situação, o meu sofrimento…”. Ninguém está dizendo que isso não é uma dor para você; sim, é uma dor. Acontece que você não pode escolhê-la como abrigo. E aonde ir então? Ao melhor lugar do mundo: os braços de Deus! O salmista diz: “Deus é nosso refúgio e nossa força, socorro sempre alerta nos perigos” (Sl 46,2). Ainda, no mesmo capítulo, no versículo 11, Deus lhe fala: “Tranquilizai-vos e reconhecei: Eu sou Deus, mais alto que os povos, mais alto que a terra!”. Já poderia parar o texto aqui. Só com o “tranquilizai-vos… Eu sou seu Deus”, você não precisaria de mais nada! Mas Deus é bom, é misericordioso, e nos fala mais. Prossigamos, vejamos o que Deus tem mais a nos dizer quando estamos tomados pela tristeza.
O Senhor o diz: “Alegrai-vos no Senhor” (Fl 3,1). Mais à frente, Deus é mais enfático: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!”. E no versículo 6, o Senhor o diz: “Não vos inquieteis com nada!”. Não vos inquieteis com a tristeza, com o desânimo, com o perigo, com o desemprego, com a falta de dinheiro, com a saúde debilitada (sim, mexer com a saúde é muito dolorido, mas essa situação também passa!). Deus é Senhor, e está no controle de todas as coisas. Reze, espere, confie! Abandone-se nEle!
Eis o que diz o salmista: “Em vós eu estremeço de alegria, cantarei vosso nome, ó Altíssimo!” (Sl 9,3). Quanta maravilha! Deus é tão bom, amoroso, e cuida de nós, quer estar em nossa presença, faz-nos até tremer de alegria! E mais: “Vós convertestes o meu pranto em prazer, tirastes minhas vestes de penitência e me cingistes de alegria” (Sl 29,12).
Recomendações para superar a tristeza:
- Ore a Deus incessantemente; tenha vida de oração; (1 Tessalonicenses 5,17);
- Procure ir às Santas Missas o máximo que puder durante a semana; (João 6,54);
- Reze o Santo Terço; se possível o Rosário.
São Domingos de Gusmão foi o varão escolhido por Deus para a insigne graça de receber o Santo Rosário das mãos da Virgem Santíssima. O fato se deu em 1214, na França, na cidade de Toulouse.
Nossa Senhora lhe apareceu acompanhada de três princesas celeste. Com sua voz materna, disse-lhe: “ reza meu saltério”.
Na Carta Apostólica o Rosário da Virgem Maria, São João Paulo II diz:
O Rosário é uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade.
Mediante o Rosário, o povo cristão aprende com Maria a contemplar a beleza do rosto de Cristo, e a experimentar a profundidade do seu amor.
Através do Rosário, o crente alcança abundantes graças, como se as recebesse das próprias mãos da Mãe do Redentor.
Santa Teresa de Jesus:
No Rosário encontrei os atrativos mais doces, mais suaves, mais eficazes e mais poderosos para me unir a Deus.
São Pio V:
O Rosário incendiou os fiéis de amor, e deu-lhes nova vida.
Santo Antônio Maria Claret:
Felizes as pessoas que rezam bem o santo Rosário, porque Maria lhes obterá graças na vida, graças na hora da morte e glória no Céu. Nunca será considerado um bom cristão, quem não reza o Rosário”
São Francisco de Sales:
O Rosário é a melhor devoção do povo cristão.
São Carlos Borromeu:
O Rosário é a mais divina das devoções.
- Faça Confissões regulares; (Mateus 18,18)
- Adores a Jesus no Santíssimo Sacramento; (Hebreus 1,6)
- Aconselhe-se com um Padre; (Romanos 13,1-2)
- Busque ajuda profissional se sua situação pedir (psicólogo, terapeuta etc.); (Eclesiástico, 11,1)
- Procure amigos de confiança para conversar; (Provérbios 17,17)
- Ocupe-se com coisas que irão elevar a sua alma; (Filipenses 4,8-9)
- Leia bons livros, assista bons filmes, ouça músicas edificantes etc.; (Filipenses 4,8-9)
- Contemple, medite; (Eclesiastes 2,12)
- Tire um tempo só para você; (Lucas 5,16)
- Tire um tempo para esvaziar-se, não pensar em nada; não deixe que pensamentos do dia a dia como trabalho, família etc. o tome; esse momento é de esvaziar-se; nem mesmo pensar sobre você mesmo; procure um lugar sereno e tranquilo para não pensar em nada; viva este presente, como se você fosse um “extraterrestre” e estivesse descobrindo tudo a sua volta; (Lucas 5,16)
- Se depois deste momento de esvaziar-se algum pensamento viver à sua mente, peça a Deus que o mostre se provém dEle ou não. Faça um discernimento espiritual do pensamento que veio. Se for um pensamento enviado por Deus, utilize-o como matéria-prima para uma oração e meditação, não sendo de Deus, tudo será inútil, nefasto; descarte; (Romanos 8,26)
- Pratique alguma atividade física; (1 Coríntios 6,19)
- Não olhe para seu passado; (Isaías 43,18)
- Não se culpe pelo que fez; (Salmo 106,1)
- Afaste-se de pessoas negativas; (Provérbios 13,20; 1 Coríntios 15,33)
- Viva um dia de cada vez: hoje estou mais alegre do que ontem, amanha estarei mais alegre do que hoje, e assim sucessivamente; (Mateus 6,34)
- Tenha contato com gente, gente do bem!, pessoas de Deus – que não necessariamente vão falar de Deus para você a todo instante -, mas que o estilo de vida fale por elas; deem testemunho; que suas atitudes sejam carregadas de esperança e positividade; (Provérbios 13,20)
- Etc.
Recorrei à Maria, Rainha das Alegrias
Maria, além de ser a cheia de graça – “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1,28) –, ela também é a cheia de alegria. No Cântico de Maria, ela diz: “meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (Lc 1,47). Aprenda com Maria a ser alegre, a espantar toda e qualquer tristeza, todo o desamor da sua vida. Maria é experiente no assunto alegria!
Na hora da tristeza, aproxime-se o mais rápido de Deus, Ele já estará lá, esperando-o. É só você se deixar cuidar por Ele. Faça como os santos e santas fizeram; eles e elas foram muito alegres (em meio aos sofrimentos e dificuldades); não se deixavam abater facilmente, pois tinham uma confiança fortificada em Deus.
Dom Bosco já nos ensinava o que era ser santo: “Ser sempre alegre e fazer bem feita todas as coisas”. Maria é a Rainha dos santos e dos anjos. É doutora em santidade e alegria! Aprenda e ore com a Maria, a Rainha das Alegrias, a Mãe de Jesus. A Virgem Maria tem até o título de Nossa Senhora das Alegrias. Ninguém foi mais alegre na face da terra do que aquela que carregou no seu ventre o Salvador: Maria!
Estar triste por alguns momentos é uma coisa, outra, é deixar que esse sentimento se torne duradouro em nosso coração. A superação da tristeza, a maneira para se sair dela, é a busca de Deus, Pai amoroso e misericordioso; Pai que abraça e acalenta os seus filhos. O Senhor nos dá uma palavra de ordem: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 3,1). Se Deus é nosso Senhor, cuida de nós, guia-nos, protege-nos, por que iremos sucumbir? De forma alguma. A superação da tristeza se dá por meio das várias vias: leitura orante das Sagras Escrituras, a Palavra Viva de Deus, confissão, Eucaristia, Santa Missa, Adoração, Santo Terço, Oração pessoal incessante, de súplica etc. O modelo terreno, humano, de alegria se encontra na Mãe de Jesus, Maria Santíssima, que possui também o título de Nossa Senhora das Alegrias.
Aprendamos com Maria a sermos alegres e, mesmo diante de momentos turvos, tenhamos fé, esperança e confiança nAquele nos amou e se entrou por nós: Nosso Senhor Jesus Cristo!
Do seu irmão,
THIAGO ZANETTI