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A sociedade está doente. Era para ela ser o celeiro do amor, mas não o está sendo. Por isso, se entristece, padece física, psíquica e, principalmente, espiritualmente.
Imobilidade, inércia, comodismo e desânimo estão acabando com o homem, desfalecendo-o. Quando alguém diz, “Não vejo sentido na vida”, “Está tudo perdido”, é ou não é sinal de desfalecimento? Sim.
Uma séria questão que causa espanto nessa sociedade em vias de desfalecimento, de descaracterização, de desumanização. Desânimo, comodismo e falatório misturado a fofoca são algumas das causas, entre outras, desse estado de inércia na sociedade.
O falatório de alguém – falar a torto e a direito – é sintoma de que essa pessoa está inerte e aceita essa condição. Quem “fala pelos cotovelos”, como se diz na linguagem popular, demonstra que está concordando em ficar imóvel para as coisas boas da vida.
Devemos dizer “não” para aqueles que se aproximarem de nós a fim de nos contar fofocas ou falar a torto e a direito dos outros. Não aceite ficar parado.
O relativismo moral, a desagregação do núcleo familiar com o conceito epidêmico moderno de que as mulheres podem criar os filhos sem o pai, e a união de casais sem o casamento, por exemplo, estão descaracterizando o homem, estão deixando-o perplexo. Tudo isso está sendo considerado por nossa sociedade doente como um caminho alternativo: “Deixem-me escolher o que eu quero”, dizem.
Esse modo de viver está no bojo da nossa sociedade e, por consequência, está mutilando o homem. Tudo está acontecendo ao mesmo tempo e, com isso, o homem deixa de ser homem e torna-se um arquétipo, pseudo-homem.
Outro fator é que, por detrás do aparente sucesso e riqueza materiais das pessoas, está um medo crucial da perda, da derrota. O medo, o pavor de perder o status social, de perder bens materiais atinge o homem a todo momento. Então, uma pergunta: uma sociedade apavorada com o amanhã, apavorada com as suas finanças, poderia contribuir de maneira eficaz e sadia para a vida dos outros que vivem na mesma teia social? Definitivamente, não.
Uma sociedade amedrontada não tem a capacidade de reerguer alguém que esteja caído. Aquele que está caído não pode levantar quem está caído. Só quem está de pé e firme no Senhor pode levantar o irmão que esteja caído. E qual o remédio para todo esse medo? É não colocarmos confiança apenas nos atos humanos, mas nos deixarmos conduzir pela transcendência, por Deus.
Se Deus me guia, eu não preciso temer, chorar, me amedrontar. Os problemas virão, sem dúvida, mas teremos capacidade de enfrentá-los.
Somente Deus pode dar respostas corretas para a sociedade. Como um cego pode guiar outro cego? Só Jesus possui a visão. Somente Jesus pode guiar as nossas vidas e os rumos da sociedade. Mas, por ser difícil chegar até Jesus – difícil porque não querem se abrir a Ele, e não querem doar as suas vidas e tudo que possuem a Ele –, os homens procuram, por si mesmos, dar sentido e “solução” aos seus problemas.
Fora de Jesus, nada tem sentido. O sentido da sua vida se dá em Jesus.
Nosso Senhor Jesus é a Vida, é a Verdade.
Sobre Jesus recai todo o domínio das ações tanto espirituais como carnais.
Toda ação está subjugada, submetida a Jesus.
O Pai consagrou o Filho como Senhor de todas as coisas, de todas as ações:
No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. Ela existia, no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe (Jo 1,1-3).
Deus consagrou a Jesus toda a realidade física e espiritual:
Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois é nele que foram criadas todas as coisas, no céu e na terra, os seres visíveis e os invisíveis, tronos, dominações, principados, potestades; tudo foi criado através dele e para ele (Cl 1,15-17).
Reiteremos: “[…] através dele e para ele” (Cl 1,16). Céu, terra e infernos estão sujeitos à voz de Jesus.
Os infernos se dobram e se rendem ao senhorio de Jesus. A natureza canta louvores a Jesus.
A nossa realidade pequena, falha, marcada pelo pecado, só se faz realidade num encontro a Realidade, que é Jesus.
Se você perguntar para alguém se essa pessoa existe, a pessoa dirá que sim, acredito. Mas será muito pouco para a resposta de que a pessoa necessita e só quem pode lhe dar essa resposta é o Filho único de Deus, Jesus.
Negar-se a si mesmo, negar um irmão necessitado, um pobre, é negar a Cristo, que se faz pobre, sofredor, pequeno com os pequenos e esquecidos.
Celebrar a vida é celebrar a vida de cada ser humano. É celebrar o amor de Nossa Senhora, Mãe de Deus, por cada um de nós.
Celebrar o amor entre os homens é celebrar a vitória de Jesus na cruz.
Portanto, neste mundo onde vemos tantos celebrarem a morte, onde vemos a descaracterização do verdadeiro sentido da vida, celebremos a nossa vida que somente se faz vida em Jesus Cristo!
Se vivemos numa descaracterização, numa desumanização do homem em todos os níveis – corporal, espiritual e psíquico –, Jesus, o Verbo, pode nos remodelar, re-caracterizar e dar sentido à nossa existência, como filhos amados de Deus.
THIAGO ZANETTI