A morte não tem a última palavra

A morte não tem a última palavra

Tempo de leitura: 5 minutos

Quem crê em mim, ainda que morra, viverá (João 11.25)

A morte é uma dor. Por mais fé que tenhamos, todos nós sofremos quando um ente querido parte para os braços do Pai. Às vezes queremos aditar a partida daqueles que tanto amamos. Mas não podemos.

Quando alguém dos nossos morre (pai, mãe, irmãos, tios, amigos…) seja da forma que for, não devemos nos questionar o porquê foi daquela maneira (às vezes tão cruel, trágica ou mesmo repentina), mas devemos entregar todas as nossas dores e todas as circunstâncias no coração do Pai. Algum tipo de morte, causa mais ou menos comoção em nós. Mas independente de como foi, de como aconteceu, tudo deve ser entregue para o Senhor.

Quando um dos nossos parte, num primeiro momento fica um vazio, pois somos únicos e insubstituíveis, ninguém poderá ocupar o lugar dessa pessoa. A dor sempre vai existir, mas ela se converterá em outros sentimentos depois, pois o Espírito Santo se encarregará de nos dar força para superar a perda e colocará em nossos corações sentimentos de confiança em Deus.

Quanto mais o tempo passa, mais a saudade aumenta. Se, sentimos saudades, é porque nós amamos. Como diz a canção do diácono Nelsinho Corrêa: “Se chorei de saudade não foi por fraqueza, foi porque amei”. Sim, temos o direito de chorar… Chorar por quem amamos, por quem fez parte das nossas vidas e deixou lembranças maravilhosas. Todos nós temos defeitos e pecados, mas quando a pessoa morre, o que vem à tona são as boas obras que ela fez…

Quando um dos nossos morre percebemos o quanto amar é importante. Percebemos o quanto amar é a coisa mais importante que podemos fazer nessa vida. Porque se amamos a pessoa que partiu, lhe demos tudo que tínhamos, lhe demos o mais importante e valioso. E mais, cumprimos o mandamento mais importante que Jesus nos pediu: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).

Não fomos feitos para sentirmos os nossos sentimentos sozinhos. Seja sentimentos de alegria ou de dor (a perda de um ente querido enfim). Deus quer dividir esse sentimento conosco. Se estamos alegres, Deus ali quer ser convidado para estar, se estamos doentes e tristes, Deus ali quer ser convidado para estar, se estamos chorando a perda de um ente querido, Deus quer ser convidado para ali estar e confortar. Na alegria Deus está para se alegrar conosco. Jesus nos disse “pois sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5). Nós não sabemos chorar sozinhos; não temos forças para suportar as lágrimas que derramamos; na hora da perda, diante da morte, a família, os amigos, sim, mas sobretudo, Deus, é o nosso amparo, a nossa força.

“Amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus, pois quem ama conhece a Deus”, diz a música do cantor Flavinho. Quem ama conheceu a Deus, porque “Deus é amor”, diz 1º João 4,8, o discípulo que Jesus mais amava. Quem conhece a Deus ama seu irmão. “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também seu irmão”? (1Jo 4,20-21).

É isso que devemos dar ao outro enquanto ele(a) está em vida. É amor que devemos dar aos nossos pais, irmãos, parentes e amigos, esposos, namorados enfim, enquanto esses estão vivos. Esse é o maior mandamento. É amando que agradaremos e faremos a vontade de Deus. Aliás, isso é tão importante que Deus instituiu como uma lei, um mandamento. É difícil, sim. Mas se não queremos ser chamados de mentirosos por Deus, então amemo-nos uns aos outros. Essa é uma grande lição, e, cumprindo-a, não teremos quaisquer sentimentos de culpa com aqueles com quem convivemos e que partiram para o Céu. Quem amou, cumpriu toda a lei.

“Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então se reuniram, e um deles, um doutor da Lei, perguntou-lhe, para experimentá-lo: ‘Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?’ Ele respondeu: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento!’ Esse é o maior e o primeiro mandamento. Ora, o segundo lhe é semelhante: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos'” (Mt 22, 34-40).

Felizmente a morte não tem a última palavra, porque Cristo venceu a morte e ressuscitou ao terceiro dia. Cristo  nos disse: “Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá” (João 11,25).

Para os que amávamos e que partiram para os braços de Deus, fica a saudade, o carinho, a lembrança de belos dias que passamos juntos deles. Foram tantas histórias… Tantas coisas aprendemos com eles… Foi por isso que Deus os colocou em nossas vidas. Foram anjos que Deus graciosamente nos enviou para nos ajudar a trilhar a tão difícil caminhada terrena.

A esperança que temos é que eles (pais, irmãos, esposos, tios, parentes, amigos, conhecidos enfim) estão agora nos braços de Deus, desfrutando das Suas maravilhas. A esperança que temos é que todos nós, que confiamos e rendemos graças e louvores a Deus, nos encontraremos em nossa Morada definitiva e poderemos ver face a face todos aqueles que partiram.

A grande esperança que temos são as palavras de Jesus para todo aquele que parte estando na sua graça, misericórdia e perdão: “Ele lhe respondeu: ‘Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43).

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Do seu irmão,
THIAGO ZANETTI