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O sexo possui em si mesmo uma grande força e potência. Todo homem e mulher nascem com esse impulso que é extremamente forte, mas dependendo das circunstâncias em que se pratica, pode ser um mal ou uma bênção; o sexo pode trazer a bênção de um filho ou a desgraça de uma doença incurável, como a AIDS.
A sexualidade é algo belo, esplendoroso, uma força que faz com que homem e mulher se atraiam um pelo outro, e dessa atração, gera-se um pequenino ser.
A natureza é tão perfeita que nos dotou de impulsos, desejos sexuais, atração física, sensações que fazem com que homem e mulher se sintam atraídos um pelo outro, garantindo a perpetuação da espécie humana, cumprindo-se “Sede fecundos e multiplicai-vos” (Gn 1,28).
Deus fez tudo perfeito. A mulher é doce, delicada, tem um corpo projetado para receber o homem, que é robusto, viril, potente. Os diferentes se atraem numa complementaridade irrepreensível. O homem possui mãos grossas, pelos espalhados pelo corpo; a mulher não tem pelos, suas mãos são delicadas. O órgão sexual feminino é perfeitamente projetado para receber o órgão sexual masculino. A natureza (Deus) se encarregou de tudo. O homem tem um órgão sexual que permite penetrar a mulher e liberar o espermatozoide, que tem como destino o óvulo e daí a fecundação e a geração da vida, do bebê, de um ser vivo. O cheiro do homem é diferenciado do da mulher, e por terem cheiros distintos, ambos se atraem. É a beleza dos sexos distintos que, por serem dissemelhantes, fortemente se atraem.
Mas, como dissemos no início, essa força que é o sexo precisa ser controlada para ser vivida em sua plenitude e no momento adequado.
O que satisfaz o homem, em primeiro lugar, é o transcendente, é encontrar-se com o Criador e viver intimamente com Ele. Somente isso poderá saciar a existência do homem. No plano humano, entre outras coisas importantes, a mais importante é o homem poder amar e ser amado. O homem precisa de Deus para viver sadiamente, mas Deus também quer que o homem viva com outros homens e que mutuamente demonstrem e troquem amor uns com os outros. Isso é um dos mandamentos dados por Jesus: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).
O homem tem necessidade de alimento, mas também de afeto, carinho, amor, compreensão, de ser elogiado, de amar, de ser amado, de ser compreendido, valorizado, admirado, respeitado, enfim, de justiça. O homem não precisa somente de alimento para viver, mas de sentimentos e de afeto. Muitos moram em mansões, possuem dinheiro, mas, quando não encontram o verdadeiro valor da vida, que não está em bens materiais, mas em encontrar a Deus e saber encontrá-Lo no próximo, perdem o sentido da vida e, por vezes, perdem a própria vida. Quero dizer que por trás do uso de drogas, da prostituição, do alcoolismo, da pornografia, do sexo antes do casamento, do sexo desenfreado, está, no mais íntimo do coração do homem, o desejo de Deus, um desejo, uma busca por Deus e por amor – “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus” (CIC § 27).
Por trás do sexo desenfreado, do sexo antes do casamento, está no coração do homem o desejo de ser amado. Pois, somente o amor verdadeiro equilibra o homem, lhe sustenta, lhe dá um norte para a vida, lhe dá vida verdadeira, lhe dá ânimo. Quero dizer que o amor é mais importante que o sexo, porque o sexo é consequência do amor. O sexo só faz sentido dentro do amor, dentro de um compromisso. Ou seja, o sexo só faz sentido dentro do casamento, pois ali um declarou para Deus, para as testemunhas e para si mesmos que serão um do outro até que a morte os separe.
O sexo antes do casamento é ilusão. Você pode até viver alguns momentos de prazer com o outro, mas a verdadeira alegria da alma você não a sentirá. E por quê? Porque a ordem foi invertida. O homem não pode andar de ponta-cabeça, ou seja, não deve colocar o físico (o carnal) na frente do sensível (sentimental) e do espiritual (alma).
São Paulo nos diz em Gálatas: “Deixai-vos sempre guiar pelo Espírito, e nunca satisfaçais o que deseja a vida carnal” (Gl 5,16). E uma das obras da carne, como nos mostra S. Paulo, é a imoralidade sexual, a impureza, a devassidão (cf. Gl 5,19).
Sexo fora do casamento não traz alegria, paz de espírito. A fornicação – união carnal entre homem e mulher fora do casamento – é condenada pela Igreja Católica e pela Bíblia. A fornicação enfraquece o Espírito Santo que habita em nós, e quanto mais praticamos o sexo fora do contexto do matrimônio, mais perdemos força para abandonar esse pecado – como acontece com a prática de qualquer pecado, sua prática vai nos enfraquecendo espiritualmente.
Muitos dizem que o dito “fazer amor” com quem se ama dentro de um namoro sério ou no noivado é algo permitido, pois se faz com quem se ama. Bem, Deus não desdiz os seus mandamentos. A Palavra de Deus é clara a esse respeito e diz que o sexo fora do casamento é fornicação, portanto, um pecado.
“Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?” (1 Cor 6, 18-19).
“Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdia, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que a praticam não herdarão o Reino de Deus!” (Gl 5, 20-21).
Quem diz que ama deve provar esse amor não transando com ele(a), mas se guardando, lutando para não cair em tentação, rezando juntos para que os dois não caiam em tentação. Qual a garantia que o seu namoro ou noivado culminará em casamento? Só mesmo quando se casarem é que terão a certeza de que são um do outro. E mesmo que tudo indique isso antes, o sexo não se justificaria; continuaria sendo um pecado.
“A fornicação é a união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos” (CIC § 2353).
“O prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e de união” (CIC § 2351).
“A alternativa é clara: ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz” (CIC § 2339).
Este mundo permissivo, sexualizado, pornográfico, erótico, o papo dos colegas que não conhecem ainda a verdade de Cristo e que nos taxam como bobões, retrógrados, ultraconservadores, beatos, trouxas, carolas, santinhos, padres, freiras etc., nos impulsionam a fazer sexo fora do casamento, pois, diz o mundo: “é normal, todo mundo faz”. Para nós cristãos, o normal é seguir Jesus, e não é porque todo mundo faz que vamos fazer. Pelo contrário, devemos dar o nosso testemunho; quem segue a Jesus tem a felicidade e o sorriso estampados no rosto! Uma alegria verdadeira e duradoura! Demonstre sua alegria, o seu entusiasmo por Jesus, levante a sua bandeira de quem quer ser casto e esperar no Senhor a pessoa que Deus tem para você, e não viva tristonho, cabisbaixo, se sentindo o “patinho feio”. Agindo assim, o mundo vai olhar para você e dizer “servir Jesus é isso? Uma tristeza só?!”. Somos ou não somos sementes de uma nova geração? Somos ou não sal e luz para o mundo (cf. Mt 5, 13-14)? Sim, somos! Não precisamos escandalizar; mesmo “na nossa”, quietinhos, vivendo a nossa vida de cristãos, já incomodamos…
Quem está à procura de sexo está invertendo os valores. Está colocando a sua vida de cabeça para baixo, está colocando a “carroça na frente dos bois”. E não é isso que Deus quer de nós. Deus não quer te ver capengando, mendigando sentimento, vivendo uma vida errada. Deus te quer de pé, firme, acolhendo a Sua graça.
Atrás do sexo está, no homem, o desejo de tocar o amor, de se encontrar com ele. E quando isso se dá? Digo-lhe: no casamento.
O sexo é o ápice de uma vida que está dando certo, de uma relação vivida intensamente. Fora disso, é usar o corpo do outro e depois jogar fora. É viver uma aventura, um momento de prazer, uma noite de prazer, uma noite no motel com aquela bela mulher, com aquele belo homem e, no outro dia, que se lasque a alma. Pobre coitada da nossa alma e do Espírito Santo que habita em nós!
“Mas o corpo não é para a fornicação, e sim para o Senhor, e o Senhor é para o corpo” (1 Coríntios 6,13). “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? (1Cor 6,15). “Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo” (1 Cor 6,18).
Nos dias de hoje, com uma mídia sexualmente apelativa, com mulheres se vestindo aparecendo quase tudo, com os “amigos” (só se for os “amigos da onça”) nos induzindo à prática do sexo, fica difícil resistir. Se você está num relacionamento com uma mulher e não for para a cama com ela, “tchau pra você!”, a fila anda, ou ela te chama de louco ou de padre. Com a mulher também, quando ela não se deita com um homem, é tachada de “santinha” em tom pejorativo. Mas graças a Deus que somos chamados de santos, pois é isso mesmo que queremos ser para o mundo. A luta é árdua. A batalha é difícil. Se namorar com alguém da Igreja que vive os mesmos princípios que nós já é difícil viver a castidade, mais difícil ainda é namorar com alguém que não tem esses valores introjetados no coração. Não estou dizendo para não nos envolvermos com pessoas fora da Igreja, pois pode ser uma missão para nós. A questão é ser firme, ter discernimento e saber se é mesmo ele ou ela que Deus quer para você. É rezar e discernir. A Carta aos Hebreus diz que devemos “resistir até o sangue na luta contra o pecado” (Hb 12,4).
O “sentido” (que de sentido não vejo nada) do sexo no mundo é o puro egoísmo, é a busca do prazer pelo prazer. É a busca de se satisfazer, variar as parceiras, loiras, morenas, altas, baixas, popozudas, toda toda… Se der pra “pegar” a filé, ou a mulher fruta, nem precisa ser uma melancia, uma jabuticaba já está bom – eis o pensamento masculino mundano. Para os homens, a ideia é “pegar” o maior número de mulheres para mostrar virilidade, para mostrar que é o cara, e contar para os amigos “peguei aquela ali”. Embora as mulheres sejam mais afetuosas, hoje a coisa está mudada. Elas também querem sentir prazer, e a busca desmedida pelo sexo está “pau a pau”.
O verdadeiro sexo, que se dá apenas no casamento, tem outra conotação. É a doação, a complementaridade, a união, não apenas de corpos, mas de almas e de corações. O depois é lindo: os dois caminham no mesmo sentido, um se preocupando com o outro; se um fica doente, o outro está ali para dar apoio; se o outro chora, o outro está ali para consolar; se ri, riem juntos. Aí está a beleza. O sexo adorna essas relações e não é utilizado como instrumento de fetiche e prazer egoísta.
No matrimônio, no momento de se entregarem corporalmente, o casal vive um momento de carinho e ternura. E a cama onde os dois se deitam é abençoada por Deus, e o sexo também é abençoado e querido por Deus. É tudo belo e abençoado, bem diferente do sexo no mundo, cheio de culpas, de pecado, de imoralidades; não se conhece a pessoa direito (e nem precisa, o importante é o corpo, o prazer…).
Mas nós cristãos somos diferentes. Desejamos uma vida santa, reta, em conformidade com o Evangelho de Cristo, pois queremos segui-Lo verdadeiramente!
Gostaria de terminar este artigo com uma palavra do professor Felipe Aquino, que disse: “Conheço muitos que sofrem e que sofreram por se entregarem ao pecado da carne, mas não conheço alguém infeliz por ter lutado contra ele”.
THIAGO ZANETTI